quarta-feira, 3 de março de 2010
Aliados cobram de Serra ao menos uma ‘sinalização’
A notícia de que Dilma Rousseff está a quatro pontos percentuais dos calcanhares de José Serra instaurou na oposição uma atmosfera de inquietude.
Nos próximos dias, lideranças do PSDB e do DEM cobrarão de Serra pelo menos uma declaração pública assumindo-se como candidato ao Planalto.
Considera-se que o ideal seria que a frase do candidato soasse na próxima quinta-feira (4). Por quê?
Nesse dia, Serra estará em Belo Horizonte. A convite de Aécio Neves, participará da cerimônia comemorativa ao centenário de Tancredo Neves.
Pode ter de dividir a cena, a propósito, com o desafeto Ciro Gomes (PSB) e com a rival Dilma Rousseff. Ambos também foram convidados por Aécio.
Na noite da véspera, Serra dividirá a mesa do jantar com Aécio. Mais uma oportunidade para que o “café” tente atrair o “leite” para sua chapa.
O grão-tucanato reagiu à última pesquisa Datafolha de duas maneiras. Em público, considerou “natural” a ascenção de Dilma, atribuída à superexposição.
Em privado, concluiu que a subida da candidata de Lula pede “reação”. Na noite passada, um dirigente tucano disse ao blog: “Precisamos de fatos novos”.
Citou dois: além de “uma rápida manifestação de Serra assumindo-se claramente como candidato”, o “convencimento de Aécio para compor a chapa como vice”.
Nem uma coisa nem outra estão, porém, asseguradas. Serra continua aferrado ao seu calendário particular. Aécio ainda diz que vai disputar o Senado.
Na outra ponta, o PT saboreia o seu momento. O presidente da legenda, José Eduardo Dutra, até já sapateia sobre a hesitação de Serra:
"Ao contrário do que alguns diziam meses atrás sobre a gente, agora é a oposição que começa a pensar em um plano B".
Dutra como que roça a realidade. Em texto levado às páginas da Folha nesta segunda (1º), a repórter Cátia Seabra conta:
“A um mês do prazo fatal para o anúncio de sua candidatura, Serra expõe a aliados angústia acerca de sua decisão”.
A despeito de agir como candidato, Serra aconselha-se com pessoas próximas sobre a conveniência de disputar a reeleição em São Paulo em vez da presidência.
Seabra informa, de resto, que o tucanato já analisa uma alternativa para a vice que Aécio recusa-se a aceitar. Quem? O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Na última sexta (26), em Fortaleza, o repórter Eliomar de Lima perguntara a Tasso se descartava a hipótese de trocar a reeleição ao Senado pela vice de Serra.
E Tasso: “Eu aprendi uma coisa em política: a gente não descarta nem carta, porque, de repente, a coisa muda e a gente fica com a palavra lá embaixo”.
Líder de Lula na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse ao blog, que, na sua opinião, o principal problema da oposição não está na composição da chapa.
“O Serra deve ser o candidato”, ele aposta. “Avançou demais para recuar agora. O problema da oposição e do próprio Serra é o azar...”
“...O azar deles é que o eleitor deseja votar na continuidade. E o Serra é o candidato da mudança. A continuidade se chama Dilma”.
Daí, segundo a opinião de Vaccarezza, a gradativa ascenção da presidenciável petista. “A oposição não tem projeto e ficou sem discurso”, ele espicaça.
De Josias de Souza
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